A TEORIA DE PIAGET: base para o diagnóstico psicopedagógico da área cognitiva
Greice Moura
A aprendizagem é um
processo de aquisição ou transformação de conhecimento, de compreensão e de
relações entre os que ensinam e os que aprendem. Diversos teóricos descrevem
suas teorias referentes à educação e ao processo de ensino e aprendizagem, enfatizando
as contribuições da psicologia genético-cognitiva (GÓMEZ, 1998). Trataremos neste
momento da teoria piagetiana, pois esta serve de base para o diagnóstico da
área cognitiva.
A teoria de Piaget defende
que o conhecimento é construído durante a interação do indivíduo com o meio que
o cerca, sem desconsiderar os aspectos afetivos.
De acordo com Piaget, para que o
desenvolvimento mental se dê, é necessário que a criança conserve e retenha
elementos da experiência anterior, a fim de que possam ser coordenados,
adaptados e (re)elaborados em face das experiências externas. (ANDION, 2010, p.
80 e 81)
Segundo
Papalia (2006), para este teórico o processo de aprendizagem é influenciado por
quatro fatores do desenvolvimento das estruturas cognitivas que são a
maturação, a experiência física, a interação social e o equilíbrio. Este
desenvolvimento mental é uma construção contínua, sendo gradativo o
aparecimento de novas estruturas mentais na passagem de um estágio de
pensamento para outro mais avançado. Piaget também divide as fases de
desenvolvimento da criança em quatro etapas que são o período Sensório Motor (0
– 2 anos), Pré-Operacional (2 – 7 anos), Operações Concretas (7 – 11/12 anos) e
Operações Formais (12 anos em diante).
Cada um destes estágios se
caracteriza pelo surgimento de novas estruturas mentais próprias de cada
estágio que são, entre outras, a inteligência, atenção, concentração,
criatividade e memória. Vejamos a seguir cada um destes resumidamente conforme
descrito por Papalia (2006).
Período
Sensório Motor (0 – 2
anos) – Este é o primeiro período pelo qual o indivíduo passa. Para Piaget, a
criança nasce com três reflexos que são o choro, a preensão e a sucção e os
movimentos que ela realiza estão centrados no próprio corpo. Suas ações motoras
finas são uma forma de inteligência pratica e a principal característica desse
período é o egocentrismo. A mesma também nasce em desequilíbrio com o mundo e
precisa modificar seus esquemas de ação para se adaptar as situações.
Período
Pré-operacional (2 –
7 anos) – Neste segundo período a criança começa a desenvolver a sua linguagem
(egocêntrica e socializada). Através do desenvolvimento da expressão verbal,
esta tem a possibilidade de “operar mentalmente um objeto pelo outro por meio
da imitação ou pela representação simbólica”. Com essas experiências de
articulação entre ação e pensamento é que a criança será capaz de adquirir a
imagem mental dos objetos para posteriormente avançar para uma gama maior de
representações. (ANDION, 2010, p. 97).
Algumas características do
pensamento infantil marcam esta fase, como o egocentrismo, animismo,
centralização, realismo nominal, classificação, seriação, conservação do número
e inclusão de classe, sempre com o apoio de experiências concretas.
Período
das Operações Concretas
(7 – 11/12 anos)- Este é o terceiro período. Neste, segundo Piaget, as crianças
perdem um pouco do seu egocentrismo e a mesma não tolera contradições entre
pensamento e ação, sua linguagem é socializada e o pensamento é dirigido. Ela
também adquire a noção de conservação e já consegue entender e respeitar as
regras dos jogos.
Algumas operações mentais são
adquiridas neste período do desenvolvimento do pensamento necessitando cada vez
menos d ação concreta, como as noções de permanência do objeto, compensação,
multiplicação lógica, inclusões, causalidade, tempo, espaço, classificação,
seriação e conservação.
Período
das Operações Formais
(12 anos em diante) - aqui os adolescentes já possuem conceitos de elementos
subjetivos como amor, justiça, democracia, e também já é capaz de fazer
críticas e criar argumentações, pois desenvolve o raciocínio
hipotético-dedutivo. A mesma também adquire autonomia que é a forma final de
equilíbrio.
Paín (2008, p. 17)
denomina Aprendizagem Estrutural esta aprendizagem vinculada ao nascimento das
estruturas lógicas do pensamento e pelas quais podemos organizar uma realidade
mental cada vez mais equilibrada. Sobre esta afirma:
Ainda que não possamos considerar tais
estruturas como aprendidas, pois elas se constroem na condição de toda a
aprendizagem, a experiência cumpre, no entanto, a função relevante e necessária
de pôr em cheque os esquemas anteriormente constituídos e que demonstram, em
algum momento, sua incompetência para dar conta de certas transformações.
Outro aspecto a ser
considerado é a conservação deste conhecimento adquirido. Para Piaget é
necessário haver uma constante equilibração, essa adaptação passa por duas
fases: a de assimilação onde incorporamos um novo conhecimento ou experiência,
e de acomodação onde reajustamos nossas estruturas internas ou criamos novas
frente a experiência vivida. Sendo fundamental na aquisição desta aprendizagem
a sua conservação como tal.
Bibliografia
ANDION,
T. M. Jogo de areia: Intervenção
psicopedagógica à luz da teoria piagetiana na caixa de areia. Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2010.
GÓMEZ,
P.A.I. Os processos de ensino aprendizagem: analise didática das principais
teorias da aprendizagem. In: SACRISTAN, J. Gimeno. GÓMEZ, P. Compreender e transformar o ensino.
Trad. de Ernani F. da Fonseca Rosa. 4ª ed. São Paulo: Artmed, 1998, p. 27-65.
PAÍN,
S. Diagnóstico e tratamento dos
problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PAPALIA,
D. E. Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
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